5 de julho de 2011

Relato Manifestasol sobre o Congresso Regional Sul

Texto: Luis Fernando Rosa (Manifestasol)
Fotos: Gabriel Almir Dias (Barriga Verde)
Aconteceu agora nos dias 1, 2 e 3 de julho esta quarta edição do Regional Sul Fora do Eixo, na cidade de Porto Alegre. O clima em PoA não estava amigável - muita umidade e frio direto, e o pessoal que veio de fora ficou arrepiado. Embora certamente possa fazer sentido dizer que o ambiente externo influencia as relações humanas, não creio que as atividades deste congresso tenham sido de todo prejudicadas pela condição climática. 
Muitas pautas interessantes foram tratadas nestes três dias. Inicialmente, vários coletivos se apresentaram uns aos outros, para conhecimento. Um aspecto digno de nota é que todos estes coletivos compartilham de certas propriedades e relações em comum: todos contém membros que se dedicam aos movimentos culturais sem estar visando puro lucro financeiro, todos mantém o objetivo de apoiar a arte autoral e todos funcionam em uma dinâmica de rede, guiada pela lógica do "que eu posso fazer para contribuir" ao invés de ser guiada pela lógica do "que eu ganho com isso".
Ainda no mesmo dia, Pablo Capilé e Felipe Altenfelder colocaram a questão da visão política que os membros dos coletivos têm de suas próprias atividades enquanto gestores culturais. Com muita propriedade, estes integrantes capitais do Fora do Eixo fizeram notar que uma concepção política vem a clarificar a auto-percepção que os grupos integrados ao Fora do Eixo podem formar. Um debate intenso aconteceu sobre a possibilidade de integrantes dos coletivos terem participação factiva em câmaras de vereadores e outras instâncias políticas firmadas na constituição do nosso país. Foi notado, de um lado, que a representação política de um integrante do Fora do Eixo na câmara daria visibilidade aos nossos projetos, e poderia fazer com isso que pudéssemos lutar mais substancialmente pelos direitos que reivindicamos. Por outro lado, também foi observado que o trajeto político que uma pessoa faz na carreira política pode ser incompatível com o trajeto cultural que uma pessoa faz sendo membro substancial do Fora do Eixo. As conclusões (talvez não tão conclusivas, e inclusive é bom que fiquem dúvidas) parecem ser a de que podemos contaminar o contexto político com nossas idéias de alguma forma, e que a trajetória política tem seus próprios objetivos, talvez distintos dos objetivos que guiam as ações dos coletivos. 
As discussões no sábado centraram-se na circulação de Regional Sul do FdE: rotas de circulação, circuitos universitários e de música e teatro. O pessoal esteve bem organizado, e sempre numa perspectiva significativamente coletiva. Depois rolou algo que nos é de grande interesse: a sustentabilidade. É possível se sustentar vivendo da atividade cultural nos círculos dos coletivos relacionados ao Fora do Eixo? Sim, parece que é possível, e algumas pessoas já estão inseridos neste modo de vida, o que nos mostra que outras pessoas podem vir a fazê-lo. O assunto merece uma análise posterior, mais aprofundada, que releve as variáveis envolvidas nesta possibilidade. 
O último dia foi o mais organizacional de todos. Entre outras coisas, os grandes grupos discutiram a integração na comunicação, a dinâmica na web, as artes integradas, adesões e desadesões. O SOMA soube acomodar o evento com muita profissionalidade, e tudo foi muito frutífero e construtivo. Parabéns a todos.


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