15 de maio de 2011

#NoiteFDE Sapiranga e aniversário do Coletivo B.I.L.

Texto e fotos: Paulo Zé

Sinceridade sempre foi a base para tudo, jogar limpo, deixar tudo claro e batalhar para solucionar problemas é uma meta que sempre foi almejada e buscada com afinco...

Os relatos que seguem abaixo são as impressões de uma noite que começou em Canoas e terminou em Sapiranga.

Saímos de Porto Alegre eu e a Paralelo Bipolar (Neo e Edu) rumo Sapiranga para fazer a Noite FDE e Prévias Morrosock no Bardomorro, passando pelo B.I.L, que estava de aniversário, 6 anos de resistência, ia rolar um festão com 12 bandas. Chegamos lá e pudemos conferir a sede do B.I.L. no centro cultural de Canoas perto da linha do trem, uma estação antiga desativada que virou espaço para eventos culturais em geral. O lugar me remeteu às turnês da NO REST pela Europa, me lembrou muito um lugar em Malmö na Suécia, e a organização do B.I.L. é bem semelhante a do circuito PUNK Europeu. Foi uma grande visita e já digo de antemão que foi o grande momento da noite. Só assistimos as 3 primeiras bandas, pois o nosso tempo lá tava contado. A Paralelo Nervoso abriu a noite, banda nova vinda de Esteio, muito chão pra percorrer, fizeram um show dentro das possibilidades, com alguns problemas de afinação, mas com raça. Depois veio a Chute no Rim, de Alvorada, um trio que faz um Grind muito rápido e com algumas cadências, muito boa a banda, gostei pra caramba. A CXFXC veio depois, já tocou no Morrostock, é uma das bandas mais antigas de Canoas que ainda está na ativa, tem influência de Suicidal Tendencies e agitou a galera, que a estas alturas já comparecia em bom número.

Infelizmente tivemos que deixar o B.I.L. e partir pra Sapiranga, fomos ouvindo a Unisinos FM até lá, tava rolando só som muito bom. Chegamos na cidade e fomos conhecer rapidamente um bar novo que abriu perto do centro chamado A Toca, uma espaço bacana onde antigamente era o Alquimia, dois andares e um espaço legal pra shows. Ficamos por lá trocando umas idéias e impressões por uns 40 minutos e depois partimos pro querido Bardomorro...




A primeira vez que pisei no Bardomorro (2007), surgiu a idéia de fazer o Morrostock. O bar era um lugar com uma energia forte e vibrante que contagiava e deixava as pessoas fora do espaço tempo real, tipo a ilha de LOST. Foi assim por anos, sempre que eu chegava lá não queria mais voltar - uma vez tive que ir lá para uma reunião, queria ficar 2 horas somente e acabei ficando dois dias direto, tava difícil de zarpar fora, astral bacana e idéias borbulhando em minha cabeça.


Ontem chegamos lá para a primeira Noite FDE e o que senti quando entrei foi depressão, incrível como um lugar du caralho perdeu a identidade, mudou a energia e se transformou em sei lá eu o que, mas nem de longe é o bardomorro. Percebam que no início do texto eu me referi à palavra SINCERIDADE, então não estou aqui pra maquiar nada, e logo depois falei sobre claridade e solução de problemas, mostrando que não é uma crítica pela crítica e sim uma reflexão para contribuir.

A dor no peito era tanta que deu vontade de sair fora o mais rápido possível, não tinha absolutamente ninguém de público, estavam lá só o pessoal que veio com a Maçã de Pedra, o Ander e a Esposa, e os pais do Dani e seus tios, que cuidam do bar; foi uma recepção fria e até certo ponto triste. Fizemos o show porque somos guerreiros, a minha cabeça não parava de pensar em saídas e o que fazer para o futuro próximo durante o Morrostock, ninguém mais que costumava ir ao local aparece por lá, salvo algumas festas pontuais. O bar anda promovendo Raves e a até atrack com batida da policia anda tomando. O que antes era um lugar livre pra se expressar e se divertir, onde imperava a paz e a harmonia agora não impera mais nada. O Paralelo abriu a noite e fizeram o que puderam, foi um show frio como a noite, certamente ninguém merecia passar por isso. Em seguida veio a Maçã de Pedra, que com baterista novo executou muitas musicas de outros artistas, muito bem por sinal, destaque pra voz linda da Carem, que tá cantando muito; mas nos privaram do que queríamos ouvir que era o trabalho autoral da banda, que rolou só em duas músicas, que eram boas e não deixam a desejar em nada para os covers. Acabou o show da Maçã, agradeci a eles e pedi desculpas por tudo. Ainda bem que veio 5 pessoas com eles que fizeram a festa e passaram calor pra banda, que fez um ensaio aberto basicamente. A Maçã de Pedra é uma banda que lota o bardomorro normalmente, conversando com a Carem pude sentir que ela estava tão decepcionada quanto eu e que estavam assim como eu, procurando entender e assimilar o que estava acontecendo. Antigamente o bardomorro tinha lanches maravilhosos, onde as pessoas saiam do centro da cidade e vinham de cidades ao redor só pra comer um X Woodstock, um Super Guido, um Pastel Pink Floyd, entre muitas outras gostosuras. Coitadinha dela, quando chegou lá, louca de fome, a cozinha nem tava aberta, e quando abriu só tinha cachorro quente e salgados. Sim isto é uma crítica, e quem ler e não gostar que venha pro debate, pois eu amava o bardomorro e lá acreditava ter encontrado o bar mais afudê do Brasil, e assim como eu muitas outras pessoas, mas agora o que resta é o vazio. Torço para que algo mude e que volte aquela vibração. Sinceramente como está não acredito mesmo, o bar perdeu a identidade e para voltar a ser algo, a primeira coisa é buscar resgatar uma identidade.

O Morrostock vai rolar de 7 e 16 de outubro, o que fazer? Certamente acharei junto com amigos e parceiros uma saída, mas fica aqui meu relato. O Morrostock sempre foi linkado ao bardomorro mas nada é definitivo na vida, o Morrostock fez sua história até aqui com sinceridade e coração, fazer ele em um lugar onde não tem mais coração não tem sentido. Espero que dias melhores caiam sobre todos nós e que, assim como FENIX, possamos ajudar o bar a ressurgir das cinzas.

3 comentários:

  1. Belo relato. Mas pra tudo ha uma solução, e dias melhores virão com certeza!

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  2. OI Zé... Muito bom teu relato! Só quem esteve lá realmente consegue sentir o teu relato. Eu digo "sentir", porque realmente me senti muito triste quando cheguei no BM e me deparei com uma deprimente e decadente cena: vazio...
    O vazio preencheu o BM. Só o que restou.....
    Infelizmente concordo contigo que do jeito que está, o bar não vai para frente... Aquela casa de rock que a gente ia, e não tinha mais vontade de voltar se apagou. Sábado (14/5) quando estivemos lá, agora falo como Maçã de Pedra, foi uma cena um tanto cômica, pois pela primeira vez chegamos para tocar a fim de ir embora logo, dormir, e esquecer o que tínhamos visto...Uma tristeza...
    Os nossos votos agora são apenas que uma alma empreendedora, corajosa e rockeira assuma aquele lugar do caralho e faça ele ressurgir das cinzas.
    Zé, conta com a MAÇÃ de PEDRA sempre, pois acima de tudo estamos do lado do bom e velho rock and roll, que movimenta nossas vidas e nos faz seres humanos mais felizes!!!

    Grande beijo amigão!

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  3. Eu tava algumas atrás lá no bar. Anda deprimente mesmo, não tem mais aquela energia que é citado no texto.
    Eu costumava ir direto lá, como diz o pessoal de posto, 'bater o cartão' mas não me interesso mais. Nem propaganda faço do bar para quem não conhece. Não é o que eras e pelo jeito nunca mais será e o destino vai ser um prédio abandonado, só lembranças de algo que já foi grande um dia.

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